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A vida depois dos gatos nunca mais é a mesma. Depois de gatos, cães e outros animais. Durante largos anos não quis ter animais. Tive um gato assassino, chamado Julião, e fiquei com stress pós gato. Atacava tudo e todos, aparentemente sem razão (enfim ele lá sabia dos motivos que tinha) e tornou-se um perigo público para a família e para qualquer pessoa num raio a três metros dos dentes dele. Morreu de diabetes. Mas aqui entre nós e que me perdoem os protetores dos animais, foi quase um alívio...
E depois fiquei zangada com os gatos. Há praticamente dois anos, lá me apaixonei por uma bichana, a Sundae, branquinha por baixo e caramelo riscado por cima que nem gelado do Mac. Foi perseguida e apanhada na oficina do meu pai e estava tão assustada que só queria atacar. Pensei duas vezes (acho que mais e em tempo record) se a devia levar para casa. Fui direta ao veterinário. Uma hora depois, de unhas cortadas, de banho tomado e quase cheirosa (creio eu já que não me fio no meu olfato) não parecia a mesma e o mais giro é que era tão meiguinha que acreditei que era outra gata. E foi aí, quando a auxiliar do veterinário chegou com ela ao colo que o amor aconteceu. Apaixonei-me pela Sundae. Soube que era para a vida...
Sundae
(e os peixes da Sónia que estão de férias lá em casa)
No Verão passado, o meu pai liga-me (como se o mundo fosse acabar) porque uma ninhada (coitadinhas, ai ai ai o que vai ser da vida delas?) tinha nascido dentro de um carro e estavam doentes. Passei o mês de Agosto a tratar delas, a dar-lhes de comer com a solene promessa de lhes encontrar dono. Na altura eram três. Entretanto, as circunstâncias da vida fizeram-me trazer duas delas para casa (a terceira desapareceu) e a Sundae ficou piursa. A estadia ficou por conta dos meus pais durante um mês. "Ai ai ai agora quem é que vai ficar com as gatinhas, ai ai ai é o fim do mundo!" Prontou... Fiquei eu! Apaixonei-me novamente... Depois de uma semana a juntar a Sundae com a Sol e com a Lua (os nomes têm uma explicação lógica, juro que sim) o amor também aconteceu entre elas. Em pequenas doses, sucessivamente, mas garanto-vos que o amor aconteceu.
Mas o que é que muda depois de uma vida com gatos? Tudo...
- Tudo o que tem fios, como carregadores de tml, são rapidamente vítimas do milagre da multiplicação/divisão. Mas elas são espertas. Nunca atacam nada que esteja ligado à corrente...
- Por mais que se limpe (aspiro todos mas mesmo todos os dias) há sempre pelos algures! O que significa que sair de casa de manhã demora muito mais tempo. Vestir-me e ver a roupa à luz do dia, confirmar com a luz da casa de banho (que é mais clara) e quando entro no carro, e usar rolos de autocolante às kilos. E há sempre um que escapa!
- Dou por mim a comprar roupa a pensar nos prós e nos contras das cores tendo em conta a cor dos pelos delas!
- A despesa de rolos autocolantes em quantidades industriais mas estritamente necessários é elevadíssima
- Não se enganem. O aspirador nunca vencerá a luta dos pelos contra os tapetes
- Abrir portas e janelas tornou-se um ato furtivo! Estão sempre prontas para fazer dos pássaros da árvore da frente o petisco do dia
- Tomar duche sem companhia? Sempre de porta fechada! Parece que adoram lamber a banheira depois do banho! Já para não falar em beber àgua no bidé...
- São fãs dos armários. Fazem tudo para entrar e escondem-se tão bem que já quase tive uns vinte enfartes de miocárdio ou coisa parecida a pensar que tinham fugido nos 2 segundos em fujo para a rua e tranco a porta
Lua
- Não gostam de visitas, muito menos crianças e de nenhum barulho mais forte. Elas querem é que nada lhes perturbe o sono. Até se eu levantar o som da tv elas me olham de lado como se eu, a suposta dona da casa, estivesse a abusar da sorte
- Por outro lado, estando acordadas e a ver tv (juro que sim) não posso mudar de canal porque resmungam e também me olham de lado. Já os móveis da casa não podem ser mudados de lugar porque elas não gostam... Afinal a dona da casa não sou eu. São elas...
- Estou sempre preocupada se elas já comeram ou não (como os filhos acho eu) e se em quantidade suficiente já que a Sol é uma "lambona"
- A casa de banho nunca mais é a mesma. As escovas de cabelo servem para lhes coçar o pescoço, a escova de dentes tem de ficar escondida porque elas gostam do sabor/cheiro da pasta, os cotonetes nunca mais são os mesmos e estão em toda a parte, tudo o que tem tampas tem mesmo de estar fechado e de preferência virado ao contrário, e o papel higiénico está escondido como um tesouro
- Elas são como uma trituradora de papel para quaisquer cartas, envelopes e folhas soltas
- Tal como os cães, gostam de roer os cantos dos móveis
- No que toca à comida da nossa... Vigilância apertadíssima que nem prisão de alta segurança!
- Quando chego a casa os meus três amores recebem-me. Amam-me, adoram-me, roçam-se e correm pela casa que nem malucas. Juro que sinto amor por estas gatas!
- Quando falo com e para elas, juro que entendem! Mas é que juro mesmo! A Sundae até verbaliza coisas. Não sei falar gatês mas juro que ela me está a dizer alguma coisa.
Sol
Ter animais é exigente. Como as pessoas, precisam de cuidados médicos, "papinha" - elas conhecem bem o termo - higiene e muito carinho, atenção e amor. E estão sempre prontos para nos ouvir e amar sem pedir nada em troca. Acho que os animais são seres maravilhosos que merecem sempre o nosso respeito e amor. Sou doida pelas minhas bichanas princesas e elas são doidas por mim mas às vezes tenho a sensação que temos uma relação profissional. Olham para mim como se dissessem: "Amo-te muito e és a minha serva preferida, adoro que me dês comida gourmet, que me faças festinhas quando me apetece e que me limpes os cocós todos os dias! Estás a fazer um excelente trabalho!". Sim, porque os animais dão muito trabalho mas dão tão mais amor que vale a pena cada segundo. E como disse uma colega minha "a diferença entre os cães e os gatos é que os cães têm donos e os gatos... Têm staff!