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Há umas semanas estive no Museu do Fado com a minha amiga Liliana. Visitámos o museu, labiríntico mas moderno e muito bonito e ficámos para jantar e para uma noite de fados. Comida típica, boa companhia e fado. Parece bem e sabe melhor. A noite ficou composta com 3 fadistas, cada um com o seu talento. Dois da nova geração e uma da mais antiga mas que para mim foi quem melhor encarnou o fado. Tinha uma voz mais cansada mas tinha muito mais alma! E muito bonita para a idade.
Dizem que o fado é a alma de um povo. Do nosso povo. Acho que de facto é a nossa alma. Faz parte da nossa cultura e da nossa identidade e fico muito contente pelo reconhecimento do Fado como património imaterial da humanidade. É a devida homenagem às Severas, às Amálias e Marizas do nosso Portugal. Podemos ter pouco para oferecer um turista mas nenhum ouve o fado sem ficar mais rico...
Durante a visita ao museu fiquei bastante impressionada com algumas curiosidades. Primeiro ninguém sabe a verdadeira origem do fado. Há versões que falam nos cânticos mouros, nas modinhas brasileiras, nos cantares dos marinheiros e finalmente aquela que eu pensei ser a única origem. O fado surgiu na voz do povo, nas ruas da cidade de Lisboa, como uma forma de expressão. Não acredito que alguma vez se descubra...
O Fado - José Malhoa
Sempre soube que o fado estava associado às classes mais baixas, era cantado nas tabernas e reflectia o desalento, a tristeza, o ciúme e o medo. Nunca me passou pela cabeça que a “Casa da Mariquinhas” fosse uma casa de prostituição. E muito menos que as prostitutas eram as cantadeiras de fado. Sempre ouvi falar na Severa mas nunca soube que era prostituta. Conta a história que até foi amante do Conde do Vimioso. Lá está, como eu costumo dizer, cada um sabe de si e Deus sabe de todos...
Descobri também que a expressão “silêncio que se vai cantar o fado” se utiliza porque os fadistas das classes mais baixas cantavam bem mas falavam mal. Como “cortavam” algumas palavras, senão se estivesse em silêncio ninguém percebia o que eles cantavam. E claro, o mistério e o pecado das tabernas e das casas de “passe” atrai os membros aristocratas que começam a frequentar bairros como Alfama e a Mouraria. Foi como uma virose. O gosto pelo fado acabou por se espalhar entre as classes mais altas e mais letradas. E finalmente, chegou aos nossos dias.
Independentemente das origens do fado, esteja ou não na moda, fosse ou não classificado património imaterial da humanidade, o que é certo é que é nosso! É a nossa alma, é a nossa cultura e o que eu sei é que gosto muito. Aqui fica um dos meus preferidos, até porque lá fundo eu sou uma conservadora...
http://www.youtube.com/watch?v=RU-Z0SiQKgU&feature=related