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De vez em quando lá vem a pergunta “Então e bebés?”. E depois sorriem-me… Irrita-me como tudo esta pressão social sobre as mulheres! Só porque nasci mulher tenho obrigação de casar e ter filhos? Nunca fui uma pessoa “normal” e já em criança nunca sonhei com o vestido de noiva, a subida ao altar e muito menos em ter filhos! E ninguém me obriga, ok?
Convenhamos. Eu não quero dizer que nunca vai acontecer, até porque adoro crianças. Quem sabe se num dia acordo a pensar diferente, me caso em dois meses e fico grávida de trigémeos em menos de quatro? Não sei o que pode acontecer… Mas só porque entrei nos “trinta” (ainda me sinto com 20) sou obrigada a ter filhos? Não posso esperar até estar preparada para isso? Mais cinco anos? Ou trinta?
Depois vou a certos e determinados jantares e oiço as histórias dos partos, da dores horríveis, dos cocós em repuxo, das fraldas sempre molhadas, das babas, dos vomitados, dos cheiros e dos choros constantes, das birras, dos gritos (isto não aguento mesmo), de dar de mamar e ficar sem mamilos! Sim é possível! Esqueci-me de perguntar se voltaram a crescer… Mas depois dizem que ser mãe é lindo e que compensa tudo! Eu até acredito e se calhar vou ser uma mãe daquelas obcecadas em expor ao mundo as diferentes tonalidades do cocó dos seus bebés. Algumas pessoas até dizem que o parto natural é lindo – só podem ser homens ou mulheres que tiveram crianças de meio quilo! Eu quero estar completamente drogada! Sim! Drogada!
Dependência! É uma relação de pura dependência! Dar de mamar a cada três horas durante meses a fio! Quando é que eu vou dormir? Com menos de 7 horas de sono EU - NÃO - SOU - NINGUÉM! As manhãs de Sábado a dormir até às 10 são substituídas pelo bebé que quer comer e não sabe fazer o pequeno-almoço. Quer fazer cocó mas não sabe limpar o rabo. Quer falar mas como não sabe, chora. Constantemente! Não sei se alguma vez conseguirei lidar com isto. Quero dizer, ficar sem mamilos já é mau mas à beira da loucura é bem pior! Como é que as mães aguentam? São as minhas heroínas!
E será que compensa mesmo? Vão crescer, aumentar as nossas responsabilidades, diminuir a nossa liberdade e independência. Crescem mais um pouco, aprendem a contestar-nos e em menos de nada vão estar a responder furiosamente “Eu não pedi para nascer!” – como eu disse um dia. Na adolescência ficam perturbados com as hormonas, afastam-se de nós e fazem-nos perder o controlo. Sobre eles, sobre nós e sobre a situação. Fico em stress só de pensar! A minha madrinha decidiu simplesmente não ter filhos. Já é quarentona e parece-me bastante feliz. O que me leva a confirmar que a felicidade não depende da maternidade!
Já me disseram que até vou ser melhor pessoa se algum dia for mãe. Mas é tão melhor ser tia! E não só da minha sobrinha mas, também dos filhos das minhas amigas. Sinto que ser mãe é emigrar para outro país. Uma batalha permanente. Ser tia é viver as coisas melhores. Ou seja, ir passar férias ao paraíso. Quando a coisa corre mal, entregamos à mãe… Cada vez admiro mais as mulheres e principalmente as mães. É que as mães têm paciência e perdoam tudo aos filhos. Como é que conseguem? Será que algum dia vou ser capaz? E se eu não tenho aptidão para ser mãe? E o deixo cair nos primeiros dias? Ou me esqueço dele algures? Stress! Se calhar ainda não estou preparada e um dia venho aqui escrever (e jurar a pés juntos) que o meu petiz é a luz da minha vida…
Ainda assim, não sei se consigo viver sem mamilos…